sábado, 28 de junho de 2008

Cuba: avanços médicos


Gerardo Arreola

de Havana (Cuba)

La Jornada


Depois de uma investigação de 16 anos, Cuba confirmou a eficácia de uma vacina terapêutica para o tratamento do câncer de pulmão, capaz de prolongar e melhorar a vida de pacientes em etapa avançada. A notícia é indício animador para mais de um milhão de pessoas que padecem deste mal no mundo, informara integrantes da equipe científica.

O produto injetável Cimavax EGV é agora uma das quatro vacinas terapêuticas contra o câncer que têm registro sanitário. No entanto, trata-se da primeira destinada especialmente ao câncer do pulmão ao contrário de outras três, desenvolvidas respectivamente por Austrália, Canadá e Rússia, que são genéricas.

O câncer de pulmão é um dos tipos mais comuns e mortais do mundo. Em 1995, a equipe cubana começou os ensaios clínicos, informou a coordenadora do projeto, doutora Gisela González, do Centro de Immunología Molecular (CIM). Depois de sete ensaios de fase 2 (em uma escala de 4), realizados em Cuba, Canadá e Inglaterra, ficou demonstrado que a vacina não causa efeitos colaterais severos ao contrário dos outros tratamentos, como a quimioterapia e a radioterapia, nem compromete a vida do paciente.

A vacina provoca uma resposta do organismo e diminui o crescimento dos tumores, segundo a reação de cada pessoa. Assim, aumenta a expectativa de vida dos pacientes com qualidade de vida, em alguns casos em até 20 meses, detalhou a especialista.

Melhorias após o uso

Os resultados das pesquisas mostram que, após a administração da vacina, o paciente experimenta cada vez menos “falta de ar, que chega a desaparecer em algumas ocasiões assim como a dor. Ocorre também ganhos de peso, melhoras de apetite e a pessoa pode caminhar sem se sentir esgotada. E tudo isso vai aparecendo de forma progressiva”, informou Elia Meninger, pesquisadora principal de oncologia do hospital cubano Hermanos Ameijeiras.

O Centro para o Controle Estatal da Qualidade dos Medicamentos, a autoridade regulatória de Cuba, outorgou o registro sanitário para a vacina em 12 de junho. O Cimavax EGF é também a primeira vacina terapêutica registrada em Cuba. O produto já pode ser comercializado.

Ainda estão em curso, outros dois ensaios clínicos em fase 2 – um em Cuba e outro na Malásia – para casos de câncer de próstata e pulmão. Outro, de vacina para pulmão, está em fase 3 em dois hospitais cubanos e há projetos para ensaios deste nível serem realizados neste ano na China, na Malásia e no Peru. Até o momento, cerca de 400 pacientes já recebem a vacina além de seguir com os tratamentos convencionais (quimioterapia ou radioterapia).

Comercialização

Alguns países da América Latina, como o Peru, aceitam o registro de Cuba para comercializar um fármaco. As exportações poderão começar imediatamente. Já outros países da região, como Brasil, China e Malásia, preferem fazer seu próprio ensaio clínico antes de iniciar um processo de aquisição.

Cuba irá vender o Climavax EGF por meio das empresas que adquiriram a licença: várias companhias pequenas na América Latina, uma empresa da Malásia (Bioven) para a Europa e Sudeste Asiático, e uma canadense (YM BioScience) para a América do Norte.

Em 2002, depois de uma negociação que facilitou um acordo de exceção ao bloqueio comercial dos Estados Unidos contra Cuba, a empresa estadunidense Cancervax adquiriu a licença para distribuir a Climavax EGF em seu país. Mas a companhia quebrou e vendeu seus direitos a uma empresa alemã que, por sua vez, repassou às atuais licenças de Malásia e Canadá.

A autorização para que a vacina fosse vendida nos Estados Unidos foi expedida pela Oficina de Controle de Ativos Estrangeiros do Departamento de Tesouro e está vigente, recordou a doutora González. A venda poderá ser realizada pela titular da licença para a área, a YM BioScience.

Vacina impede crescimento dos tumores

A doutora Gionzález explicou que a vacina está integrada pela proteína fator de crescimento epidérmico (EGF, siglas em inglês), unida a outra proteína, a P64. Ambas são produzidas no GIGB por via recombinante (sucessivas combinações genéticas de laboratório), a primeira é extraída de levedura e a outra de bactérias.

A ação de ambos elementos provoca a geração de anticorpos no organismo do doente, impedindo a proliferação celular característica dos tumores.

A investigadora expôs que o EGF circula no sangue humano. Quando ele se une a um receptor na membrana da célula, produz "sinais" no núcleo dessa célula. Com esse fenômeno, se desencadeiam reações que levam à proliferação celular.

"Uma das principais características dos tumores malignos é que eles proliferam de maneira descontrolada", assinalou a chefe do projeto. A vacina, por sua vez, "provoca uma resposta imune em forma de anticorpos, os quais se juntam ao EGF, e assim impedem a união ao receptor da membrana. O que faz é, precisamente, evitar que ocorra a proliferação celular, impedir o crescimento dos tumores".

Resultado dos testes

O registro foi decidido em resposta ao expediente de um dos ensaios concluídos da fase 2. Foram analisados 80 pacientes de câncer de pulmão avançado (etapas 3-B e 4, na escala de quatro), a metade dos quais foram tratados com a vacina.

Ficou demonstrado, disse a doutora González, que a vacina provocava resposta imune e uma diminuição dos níveis de EGF. Os pacientes vacinados conquistaram uma sobrevivência média de 20 meses, contra oito dos não receberam a vacina, que continuaram com seu tratamento convencional.

A médica Tania Crombet, diretora dos estudos clínicos. disse que os estudos foram realizados com pacientes cujo padecimento estava em fase muito desenvolvida, entre outros fatores, porque 70% dos casos de câncer de pulmão são diagnosticados em etapas avançadas.

Diagnóstico prematuro

Cerca de 30% dos doentes são diagnosticados em etapas iniciais (1, 2 o 3-A), quando ainda pode haver cura mediante tratamento tradicionais. Nesses casos, "nossa vacina pode ser aplicada com o propósito de incrementar a sobrevida do paciente, mas o objetivo maior é o câncer de pulmão avançado".

A médica explicou que, embora a vacina esteja destinada a esse tipo de câncer "é potencialmente útil em outras neoplasias", como nos casos de cabeça e pescoço, estômago, mama, reto, cólon, pâncreas, ovários, vesícula e cólo de útero.

O paciente protótipo da vacina, disse doutora Meninger, é de "tratamento de câncer de pulmão de células pequenas em estados avançados, 3-B e 4, não tributários de tratamento de intenção de cura".

fonte: Jornal Brasil de Fato.

2 comentários:

Anônimo disse...

Minha tem câncer de pulmão e gostaríamos de importar a vacina. Pode nos ajudar? Quem tiver mais informações sobre o assunto por favor nos enviem um email para fermalacarne@gmail.com. Atenciosamente
Karinna

Victor Figueiredo disse...

Tenho uma neoplasia na cauda do pâncreas com metastisacao hepática , gostava de saber como posso obter a vacina e se esta e eficaz.