sábado, 15 de novembro de 2008

PM ameaça trabalhadores e interfere em direito de greve





Os mais de quatro mil trabalhadores e trabalhadoras da Johnson foram alvo da selvageria da Polícia Militar na madrugada desta terça-feira 11 de novembro, às 6h. Os funcionários da empresa estão em greve desde a última quinta-feira por aumento salarial, contra a demissão ilegal de três dirigentes sindicais e o pela revisão do plano de cargos e salários, que rebaixa o piso salarial da categoria em 40%. Ontem, a empresa tentou uma liminar para interferir na greve, mas a Justiça do Trabalho negou. Hoje, para a surpresa de todos, a Polícia Militar cercou os ônibus da empresa e forçou a entrada dos trabalhadores na fábrica. Isso sem nenhuma autorização judicial e interferindo à força no constitucional direito de greve.A selvageria da PM foi tamanha que muitos motoristas dos ônibus foram obrigados a atravessar o canteiro que divide as pistas laterais da empresa e avançar sobre o piquete de greve para entrar pela portaria 2 do Jardim das Indústrias.O ato descabido contou com um forte aparato de repressão: gás de pimenta, motocicletas avançando em cima dos trabalhadores em greve, tiros de borracha, gás de pimenta e muita truculência. A PM massacrou o direito de greve e feriu vários trabalhadores com empurrões, golpes de cacetete, tapas. O sindicalista Wellington Cabral foi preso durante o confronto sob a acusação de direção perigosa.Ontem, os trabalhadores já estavam sendo coagidos pela empresa por meio de assédio moral absurdo. A madrasta Johnson ameaça de demissão os grevistas, que reivindicam apenas o que lhe cabe: aumento salarial e preservação dos direitos.Não é de hoje que a repressão policial interfere no direito de greve e na livre organização sindical dos trabalhadores. Contudo, nunca se viu uma polícia tão servil aos interesses empresariais.
Vale ressaltar: não existe nenhuma ordem judicial para interferir no direito de greve, muito menos para agredir trabalhadores a socos, tiros, tapas. Esse é o papel desempenhado pela polícia na Ditadura, mas não se pode esperar isso de uma sociedade dita democrática, em que os trabalhadores são livres para se organizarem.Apesar da atrocidade da PM, a greve continua. Muitos trabalhadores foram obrigados a entrar à força para trabalhar, mas muitos conseguiram escapar do cerco policial e participar da assembléia, que é realizada com todos os turnos de entrada.O episódio revela mais uma vez a relação promíscua entre a PM e o poder econômico. A PM não agiu conforme a lei, agiu conforme os interesses da Johnson. A selvageria se repetiu na entrada do turno administrativo, às 8h. A PM espancou trabalhadores que tentavam realizar a assembléia e obrigou muitos a entrarem na marra. Alguns trabalhadores que não usam o ônibus ainda foram coagidos pela PM na portaria da empresa a interromperem a greve.Para todos os efeitos legais e morais, a greve continua por tempo indeterminado. Agora o departamento jurídico do Sindicato dos Químicos vai tomar as devidas providências. O confronto pode se repetir na entrada do segundo turno, às 13h30. Enquanto isso, o piquete de greve continua e a luta da classe trabalhadora também.

SINDICATO DOS QUÍMICOS DE SÃO JOSÉ DOS CAMPOS E REGIÃO
O Sindicato dos Químicos solicita que todos os sindicatos combativos e de luta enviem à Johnson, a FIESP uma moção de repúdio às ações da Johnson e ao aparato de repressão policial. Solicitamos também o encaminhamento de uma cópia ao Sindicato como solidariedade de classe. Essa luta é de todos nós!


INTERSINDICAL - Instrumento de Luta e Organização da classe trabalhadora

Nenhum comentário: